A morte repentina e o processo de luto
De maneira geral, o ser humano não está preparado para receber a notícia da morte de alguém, quem dirá quando o óbito acontece de forma repentina de maneira externa, ou seja, que poderia ter sido evitada.
13 de março
A notícia é recebida de forma completamente diferente em relação a alguém que já estaria doente ou um idoso. Exemplo recente e que ganhou repercussão nacional foi a morte do apresentado Gugu Liberato.
A médica Ana Claudia Quintana Arantes, especialista em suporte ao luto, destaca que a morte de alguém não é processada em poucos dias e o amor que essa pessoa deixou, que despertou nos familiares e amigos, não morrerá. “É nesse amor que as pessoas buscam o sentido para se reconectar com esse vínculo traçado enquanto vivo. Ninguém se prepara para esse momento de morte súbita. O sofrimento de quem fica é legítimo, é difícil de se preparar”.
Para quem fica, o luto é um processo natural que começa no dia da perda. “O processo de luto não precisa necessariamente ser conduzido por um terapeuta, mas é preciso que as pessoas próximas estejam atentas. Não existe um período de tempo para se ficar triste, não é necessário medicar todas as pessoas, a tristeza faz parte desse momento. A dor da perda vai se revolver sobre esse processo do luto”, reforça a médica.
Ana Claudia salienta que quando há um adoecimento, uma fase final muito clara, as manifestações de ajuda acontecem o tempo inteiro, porém, no dia seguinte da morte, ninguém liga para não incomodar e isso gera um vazio. “O processo dos primeiros dias é muito delicado e precisa de atenção, de presença. Se você tem alguém que sofreu uma perda recente, é preciso estar presente, fazer companhia. À medida que o tempo passa a vida vai chamando para uma consciência do mundo real”.
O primeiro ano após a perda é o mais delicado. “A família e amigos passarão pela primeira vez por datas importantes sem a presença daquele ente e essas datas especiais causam mais dor. Ritualize esse dia, faça algo que tenha significado pela relação que foi rompida. No segundo ano, acontecerá novamente, mas a lembrança já será do ano anterior que passou sozinha, e essa dor vai reduzindo. No entanto, a dor pode te visitar a vida inteira, a saudade é algo que é trabalhoso muitas vezes”.